Supersalários na Caesb reduzem
investimentos necessários ao enfrentamento da crise hídrica
Aflita pelo início do inédito
racionamento de água no Distrito Federal (DF) desde janeiro/2017, frente à
redução drástica no volume de água nos principais reservatórios da região, a
população do DF foi surpreendida pela divulgação ao público dos supersalários
pagos a alguns servidores de empresas estatais do Distrito Federal, inclusive na
empresa responsável pelo abastecimento de água na capital federal, a Companhia
de Saneamento Ambiental do DF (Caesb).
Frente à total incongruência no pagamento desses supersalários, o
Governador do DF, Rodrigo Rollemberg, propôs o encaminhamento de um Projeto do
Lei à Câmara Legislativa do DF para
eliminar esses salários exorbitantes, por meio de alteração no art. 19 da Lei
Orgânica do DF, que hoje limita o salário pago a qualquer ocupante de emprego
público nos 3 Poderes do DF ao subsídio recebido por Desembargador do Tribunal
de Justiça do DF, de R$ 30.471,10. Até
agora, argumentava-se que a Caesb, por ser uma sociedade de economia mista, não
estaria sujeita a esse teto.
Os supersalários da administração
indireta do GDF vieram à tona em janeiro/2017 quando a Controladoria-Geral do
DF cobrou das empresas estatais a publicação dos vencimentos de seus empregados,
quando então ficou evidente o pagamento de salários totalmente injustificáveis,
como os de vários analistas de sistemas de saneamento, de R$ 55 mil a R$ 70
mil, de analista de suporte, de R$ 41 mil, e de agente de operação, de R$ 36
mil, além de salários ainda maiores a estes ao pessoal da área jurídica, enfim,
salários muito superiores aos pagos por empresas privadas equivalentes do mesmo
setor, e até superior ao do Governador do GDF, de R$ 29.450 mil e até do
Ministro do STF, sendo este o teto constitucional ao salário do servidor
público federal, de R$ 33.763,00.
Além do prejuízo causado ao fluxo de
caixa da Caesb, mantida essencialmente por tarifas cobradas dos consumidores de
serviços de saneamento básico do DF, parte dos recursos pagos aos
supersalários, certamente, deixou de compor os recursos que deveriam ter sido investidos
na ampliação e na melhoria dos sistemas de captação e tratamento da água para o
fornecimento aos consumidores, no sentido de evitar ou ao menos amenizar a inédita
crise hídrica que está afetando a capital do País e arredores. Caso
essa sangria não seja estancada ou minimizada, faltarão recursos aos novos
investimentos essenciais da empresa.
Soji Soja