Uma grande
oportunidade ao Brasil para dinamizar sua economia e mitigar catástrofe
ambiental em escala mundial
Em 27.09.2015, o Brasil
apresentou na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
a sua contribuição para a 21ª Conferência do Clima da ONU (COP21), realizada em
Paris entre 30 de novembro e 11 de dezembro/2015, com o principal objetivo de
cooptar o esforço mundial de 195 nações para conter o aquecimento do planeta em
até 2º C até o fim deste século, em relação aos níveis pré-industriais, e assim
evitar as mudanças climáticas catastróficas para a Terra.
Entre os 5 principais
compromissos, o Brasil assumiu aquele de recuperar 12 milhões de hectares de
florestas, equivalente a 120 mil km2 (área da Inglaterra) até 2030, o qual foi
considerado um dos mais ambiciosos apresentados pelos países signatários da
Convenção sobre Mudanças Climáticas. Entretanto,
os custos para o cumprimento dessa meta não eram bem conhecidos na época, mas,
agora, há um estudo e cálculos coordenados pelo Instituto Escolhas. A
pesquisa partiu do Código Florestal para estimar as áreas de Reserva Legal a
recuperar nos biomas Amazônia e Mata Atlântica, o custo por hectare da
restauração, os valores para a execução de práticas de manejo florestal e os
benefícios resultantes da recuperação, podendo a meta de 12 milhões de ha ser
atingida gradualmente, com acréscimo anual de áreas até 2030.
O alcance dessa
meta requer investimento entre R$ 31 bilhões e R$ 52 bilhões, conforme o
cenário escolhido (diferentes proporções de (i) regeneração natural; (ii)
plantio total ou (iii) enriquecimento e adensamento). Isso geraria receitas (considerando-se
somente o valor comercial da madeira) entre R$ 13 bilhões a R$ 23 bilhões,
arrecadação de impostos entre R$ 3,9 bilhões a R$ 6,5 bilhões e a criação de
138 mil a 215 mil empregos. Sua implantação consolidaria uma moderna indústria
de recuperação florestal no país. A floresta recuperada será fonte, ainda, de
atividades econômicas, por meio das cadeias produtivas dos seus produtos,
movimentando dezenas de bilhões de dólares nas próximas décadas.
Com isso, o
Brasil, ao contribuir para o combate às mudanças climáticas globais, tem a possibilidade
de dinamizar sua economia ao mesmo tempo em que se beneficiaria de efeitos como
a diminuição de sua exposição a crises hídricas.
O projeto, em
tese, é viável, mas a sua implementação efetiva exigiria esforço substantivo e
persistente em termos de requerimentos materiais, tecnológicos e financeiros de
grandes dimensões, que deve ser iniciado imediatamente, o que parece difícil de
ocorrer. Enfim, configura-se um grande
desafio a ser vencido pelo País em sua contribuição para o combate ao desequilíbrio
ambiental em escala mundial.
Soji Soja