sábado, 20 de fevereiro de 2016

UM PARAÍSO SOCIALISTA EM 50 ANOS? Isso só se concretizará se o avanço da tecnologia for acompanhado da verdadeira evolução de cada ser humano do ponto de vista ético e espiritual



O Campus Party é o principal evento tecnológico realizado anualmente no Brasil, onde são tratados os mais diversos temas relacionados à internet e à cultura digital. No primeiro dia do Campus Party de 2016 em São Paulo-SP ocorrido em 26 de janeiro, um dos organizadores desse evento, o espanhol Paco Ragageles fez uma palestra, na qual  afirmou que a tecnologia criará um modelo socialista mundial em no máximo 50 anos, onde, por exemplo, não haverá mais dinheiro e nem empregos.  Ou seja, nesse espaço de tempo, ocorrerá a revolução que acabará com todos os empregos, todas as formas de monetização e, portanto, com o capitalismo. 
Para ele, a revolução tecnológica, somada à revolução quântica, mudará absolutamente tudo.  Por exemplo, a energia solar acabará com o setor que move 24% do PIB mundial, os robôs serão capazes de realizar quaisquer trabalhos manuais, as impressoras 3D poderão imprimir absolutamente tudo e os transportes serão praticamente livres.
Nesse imaginário novo mundo, as máquinas praticamente farão tudo, cabendo aos humanos explorar, investigar, aprender, ter tempo para o prazer e diversões. Nesse mundo, não existirá mais dinheiro, nem precisará, de modo que seríamos mais humanos e verdadeiramente solidários.
Entretanto, esse modelo só funcionaria em uma sociedade igualitária, ou seja, a riqueza gerada pelas máquinas deve ser distribuída igualmente por toda a sociedade, com acesso a todos, e não só para alguns. No futuro, os nossos filhos seriam educados não para perseguir o sucesso, mas sim para descobrir o que querem fazer, como ser felizes.

Mais um exercício de futurologia
Como qualquer exercício de futurologia, deve-se tomar muito cuidado com esse tipo de previsão.  Certamente a tecnologia continuará evoluindo, como tem acontecido desde os primórdios da humanidade, mas especialmente nos últimos séculos e mais ainda nas últimas décadas. 
Entretanto, a previsão quanto ao surgimento de uma sociedade igualitária, em que todas as riquezas seriam distribuídas igualmente por toda a sociedade, deve ser  caracterizada mais como uma visão utópica. Ou seja,  não há nenhuma garantia de que essa profecia,  exageradamente otimista, venha a ser concretizada efetivamente,   como já ocorreu com previsões semelhantes no passado, inclusive propagandeadas por modelos político-econômicos que vigoraram  por vários anos e até por décadas.  

O fantasma do ressurgimento de regimes totalitários
Entre eles não podem ser esquecidas as lições deixadas por experimentos como  o comunismo, que por quase um século teve oportunidade de exercer o poder em sua plenitude para implantar uma sociedade igualitária, sob a direção de um Estado onipotente e onipresente. Mas, como ficou evidente a todos, essa experiência fracassou redondamente, sob os escombros do Muro de Berlim.
  Na realidade, as previsões otimistas colocadas pelo Paco somente terão alguma chance de serem concretizadas caso o avanço da tecnologia seja acompanhada da correspondente e verdadeira evolução espiritual e moral da humanidade, no sentido de que cada um dos seres humanos venha a praticar efetivamente os preceitos superiores e permanentes que regem a existência e a evolução do Universo.  
Se essas pré-condições não estiverem presentes, o prometido paraíso futurista será frustrado mais uma vez, com a possibilidade do advento de regimes totalitários, sendo a população submetida a estruturas repressivas e privada de qualquer forma de liberdade individual, como ocorreu no extinto império soviético e ainda subsiste teimosamente em países como Cuba e Coréia do Norte.  
Soji Soja

sábado, 13 de fevereiro de 2016

PROJETO DE LEI TENTA BARRAR BURLA AO TETO REMUNERATÓRIO CONSTITUCIONAL





Apesar do teto da remuneração do servidor público, que deve ultrapassar R$ 39 mil em 2016, estar fixado na Constituição Federal, em seu art. 37, inciso XI, sendo na esfera federal, equivalente ao salário do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o referido dispositivo constitucional não tem sido suficiente para bloquear todas as tentativas de burla ao citado limite remuneratório. 
Assim, o Projeto de Lei nº 3.123/2015, em trâmite no Congresso Nacional,  tenta, mais uma vez, vedar nada menos que 37 truques usados para furar o teto constitucional de remuneração ao funcionalismo.
Apesar do teto remuneratório do serviço público alcançar uma parcela pequena do universo de servidores, deve-se atentar que o referido limite serve de parâmetro para fixação não somente da remuneração dos demais servidores do poder judiciário, mas indiretamente para o conjunto dos funcionários públicos do País.
Deve-se ressaltar ainda que o aumento das despesas com o funcionalismo nos últimos anos tem constituído peso crescente no orçamento público, dificultando o ajuste fiscal,  fundamental na atual conjuntura de séria crise econômica, política e social que o País atravessa. 
Ainda assim, a elite, que fura o teto remuneratório, mobiliza de forma coordenada o lobby contra o PL nº 3.123/2015, no sentido de manter seus privilégios. Sobre isso, deve ficar claro que a sociedade já está pagando caro para manter o serviço público, sem receber a correspondente prestação de serviço, em decorrência, entre outros fatores, das frequentes e recorrentes greves no serviço público e da reconhecida leniência de parte do funcionalismo na prestação de serviço ao cidadão.    

Justificativas para o pagamento de salário acima do teto
Ao menos 2 justificativas são apresentadas para o pagamento de salários quase milionários ao topo do serviço público: (i) necessidade de manutenção de bons profissionais e (ii) dificuldades para aprovação em concurso.
Ao contrário do senso comum, a moderna economia do trabalho não prescreve maiores salários para aumentar a produtividade. A partir de um determinado nível de remuneração, ocorre o chamado “crowding out motivacional” (deslocamento motivacional), ou seja, a partir de um determinado patamar de salário já considerado razoável, uma remuneração maior não leva necessariamente ao melhor desempenho. Por sua vez, a alta concorrência no concurso público é decorrência da atratividade exercida sobre os candidatos pelos enormes benefícios proporcionados à elite do funcionalismo, de modo que não se justifica o pagamento de salário ainda mais alto em função somente da dificuldade defrontada pelo candidato para a sua aprovação.