sábado, 19 de julho de 2014

EXCELÊNCIA DA EDUCAÇÃO NA CORÉIA DO SUL

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I. PNE – GASTO DE 10% DO PIB PER SE NÃO É SUFICIENTE PARA ALCANÇAR A EXCELÊNCIA NA EDUCAÇÃO

O Plano Nacional da Educação (PNE) 2011-2020 foi aprovado no dia 03.06.2014 pelo Congresso Nacional, com a principal determinação de destinar 10% do PIB para a educação até 2024, que é um valor extremamente elevado, de difícil alcance efetivo. Em 2012, o Pais já gastava 5,7% do PIB na educação, um dos índices mais altos entre os 42 países membros da OCDE, a frente de países como Reino Unido, Canadá e Alemanha.

Deve-se destacar, entretanto, que só o aumento de gastos nessa área não necessariamente melhorará substancialmente o nível educacional do País, na medida que a melhoria efetiva da educação depende da adoção de ações e principalmente da perseverança e sustentação de esforços nesse sentido ao longo dos anos.

Nesse sentido, vale a pena observar a experiência exitosa de outros países, como a Coréia do Sul, que mesmo gastando 4,9% do PIB em educação, portanto, menos que o Brasil, já alcançou padrões bastante elevados, sendo hoje exemplo de desenvolvimento sustentável e admirado mundialmente por sua educação de qualidade. Assim, a Coréia do Sul mais uma vez ocupou lugar de destaque no PISA (Programme for International Student Assessment, ou Programa de Avaliação Internacional de Alunos) em sua última edição, ficando em 5º lugar nas categorias Leitura e Matemática e 7º lugar em Ciências, conquistando o 5ª posição na classificação geral, enquanto o Brasil ficou em 58º entre as 65 economias avaliadas.

II. PRÁTICAS FUNDAMETAIS NA CORÉIA DO SUL

  1. Foco na educação básica:

O Brasil apresenta excelência em algumas áreas do ensino superior, mas gasta 17 vezes mais com aluno do curso superior em relação ao aluno do curso básico. Na Coréia do Sul, a ênfase é no ensino fundamental, gastando-se somente 2 vezes mais por aluno do curso superior em comparação ao aluno do curso básico.

  1. Qualificação e valorização do professor

A carreira de professor na Coréia do Sul é valorizada, estando entre as mais disputadas, em vista dos bons salários (um professor sul-coreano do ensino fundamental ganha 6 vezes mais do que um brasileiro e está entre os 10 mais bem pagos do mundo, com um mínimo de US$ 4 mil/mês) e das boas condições de trabalho. Exige-se, entretanto, qualificação, pois após 4 anos de graduação, todos os futuros docentes têm de cursar um mestrado, o nível mínimo exigido para dar aulas.

  1. Escolas atualizadas tecnologicamente

A tecnologia é valorizada nas salas de aula, com uso de equipamentos modernos, tendo a Coréia do Sul sido o primeiro país do mundo a prover internet em todas as escolas. O instituto governamental KERIS dedica-se à aquisição e à manutenção de equipamentos tecnológicos nas escolas, como por exemplo, pela criação de um programa que facilita o estudo sem supervisão em casa. Espera-se que, em 2015, todos os alunos sul-coreanos aprenderão por meio de livros didáticos digitais. Com isso, desde cedo, garante-se que as crianças entrem em contato com a tecnologia de ponta já disponível no dia a dia dos seus pais.

  1. Participação ativa dos pais:

Enquanto a OCDE coloca os pais brasileiros entre os menos interessados na educação de seus filhos, os pais sul-coreanos destacam-se pelo alto grau de participação, chegando a gastar, por exemplo, 25% da renda familiar com a educação de crianças pequenas. A participação da vida escolar dos filhos não significa apenas ir à festa de fim de ano e conversar de vez em quando com algum professor, mas sim seguir de perto a lição de casa e acompanhar de perto o desempenho da criança na sua aprendizagem.

  1. Dedicação aos estudos:

Os estudantes sul-coreanos estudam muito, uma média de 10 horas por dia. Estudam na escola, em casa e em cursos extracurriculares. Não raro, fazem cursos de inglês e outras línguas à noite. E, em seu tempo "livre", costumam brincar de resolver equações difíceis, dominar as funções de câmeras digitais e se dedicar a outros passatempos desafiadores para o cérebro. Pode parecer chocante com a cultura ocidental, mas, para eles, quanto mais disciplina e devoção, melhor.

  1. Estudo complementar fora da escola:

Os sul-coreanos não se contentam em aprender apenas na escola, assim, os pais costumam gastar muito com professores particulares e cursos extracurriculares.

  1. Predomínio do espírito de competição:

O espírito de competição predomina no ambiente de estudos, de modo que a meritocracia é bem vista. Os bons alunos são premiados com bolsas de estudo, cursos extras e, sobretudo, com a admiração de todos e são disputados pelas empresas e instituições públicas e privadas nos processos de contratação de pessoal.

  1. Participação da iniciativa privada:

Mais de 80% das universidades são particulares, sendo comum o apoio da iniciativa privada às universidades, como por exemplo, a Korea University, que recebe apoio da Samsung.

9. Pesquisa afinada entre a academia e as demandas do mercado, mediante investimento das empresas nas universidades

A Coréia do Sul conseguiu promover uma eficiente integração entre o ambiente acadêmico e a indústria, que estimula o avanço tecnológico. Essa interação beneficia as duas partes: os cofres das universidades coreanas são irrigados com dinheiro da iniciativa privada e as empresas dispõem de acesso aos pesquisadores e infra-estrutura das universidades para desenvolver seus produtos.

III. Certamente, a experiência sul-coreana não pode ser transplantada em sua íntegra ao Brasil, mas é importante a observância cuidadosa desse caso, tentando-se ao mesmo tempo implantar o que for viável com as devidas adaptações.

Soji Soja

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